É isto que nos une e o motivo pelo qual somos os Caminheiros Monte da Lua

sábado, 2 de novembro de 2013

José Saramago

Hoje caminhámos com José Saramago.


Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam
José Saramago


A vida é assim, está cheia de palavras que não valem a pena, ou que valeram e já não valem, cada uma que ainda formos dizendo tirará o lugar a outra mais merecedora, que o seria não tanto por si mesma, mas pelas consequências de tê-la dito
José Saramago



 
A frase de Saramago serve para alertar que aquilo que escrevemos vale o que vale. Hoje é uma coisa amanhã será outra, as palavras cada uma que formos dizendo tirará o lugar a outra mais merecedora. Não liguem aos devaneios de escrita, tal como ninguém ligará aos vossos devaneios. Escrevemos porque gostamos. Por isso sugiro que façam o mesmo. Utilizem este blog. Comentem, escrevam, barafustem, critiquem, opinem….
Hoje contagiado pela visita atrevo-me a encher de letras este vosso espaço.
Na entrada da Casa dos Bicos, sente-se a vida de José Saramago através da sua morte “Jaz aqui o homem que ousou dizer não
O Sérgio Machado Letria, vulgo Sérgio e para os Caminheiros Monte da Lua “o pai do Álvaro” foi um cicerone de alto nível. Foi muito interessante ouvir a descrição emocionada, direi apaixonada, do Sérgio sobre a vida preenchida de José Saramago. Percebe-se a alegria que ele sente por ter partilhado um pouco da sua vida com José Saramago. A "Viagem a Portugal", permitiu a José Saramago tornar-se escritor, a “Viagem a Saramago”, tão bem narrada pelo Sérgio, permitiu-nos conhecer a caminhada que José Saramago percorreu no seu percurso de vida dedicada à escrita. Com uma apresentação muito clara e bem organizada foi muito interessante o passeio que o Sérgio nos conseguiu oferecer. Obrigado Sérgio.
Sobre o espaço, percebe-se que é um espaço que ainda está inacabado e em constante mudança.
Sente-se a vida de José Saramago, mas penso que será fundamental transpor as paredes da Casa dos Bicos e trazer para a rua aquele espaço. Torná-lo mais vivo e próximo das pessoas. Saramago gostaria de sentir isso. O banco, a oliveira e as suas cinzas demonstram isso.
Saramago como homem de cultura e próximo do povo, gostaria de ver um espaço de leitura de rua, uma ligação próxima aos seus, o povo.
É fundamental para Saramago continuar a viver, trazê-lo para a rua, para o meio do povo, ligá-lo ao rio, ao território, à cultura e ao mundo.
Não vou descrever todo o universo de sensações que me despertou a visita, mas poderei dizer que senti orgulho de em junho de 1992, ter trocado palavras de circunstância com Saramago e de  ter apertado a mão a uma personalidade histórica Arrependimento de não ter estudado com rigor e pormenor todas as palavras que eram ditas e escritas por Saramago. Encarei-o como um escritor. Hoje percebi que Saramago é algo mais. Um pensador. Aprendi que não devemos desperdiçar as oportunidades do nosso tempo. Aprendi o muito que Saramago tem para nos ensinar. Aprendi a admirar Saramago.
Um agradecimento especial ao Zé Brites por nos ter proporcionado a oportunidade desta visita.
Deixo-vos aqui algumas das muitas frases do legado de José Saramago e que não sei bem porquê, talvez diga qualquer coisa a este maravilhoso grupo de caminheiros.

SE PUDERES OLHAR, VÊ. SE PODES VER, REPARA.
Retrato do desmoronar completo da sociedade causado pela cegueira que aos poucos assola o mundo, reduzindo-o ao obscurantismo de meros seres extasiados na busca incessante pelo poder. Crítica pura às facetas básicas da natureza humana encarada como uma crise epidémica. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. Caso contrário, continuará uma máquina insensível que observa passivamente o desabar de tudo à sua volta.
José Saramago


A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, sabia que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
José Saramago


Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo
José Saramago

Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.
José Saramago


Ligações:
http://www.josesaramago.org/
http://caderno.josesaramago.org/
http://josesaramago.org/tag/cadernos+de+lanzarote
http://josesaramago.blogs.sapo.pt/97590.html
http://www.cidadaodomundo.org/2010/06/saramago-o-homem-que-ousou-dizer-nao/

Rui Hilário

 
2 de novembro de 2013 - João Ramos
2 de novembro de 2013 - Zé
"Eu acredito e respeito as crenças de todo o mundo, mas gostaria que as crenças de todo o mundo fossem capazes de respeitar as crenças de todo o mundo"
José Saramago

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